Historicamente a voz e a força laboral feminina são restringidas pela lei. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), mulheres representam 15,2% dos profissionais em conselhos e diretorias de empresas. O cenário contribui com a manutenção da violência e discriminação de gênero, impacta negativamente na dignidade e autoestima feminina e significa um retrocesso ao desenvolvimento socioambiental do planeta. Por isso, o relatório Women Business and the Law (Mulheres, Empresas e o Direito, em tradução livre), realizado pelo World Bank Group (Grupo Banco Mundial, em tradução livre) defende a participação plena da mulher no mercado de trabalho, possibilitando uma economia global mais dinâmica, potente e resiliente. Pensando nisso, reunimos dicas de como conquistar o tão almejado cargo C-LEVEL e prosperar na carreira.
Nesse sentido, a COO da Telhanorte Tumelero, Jordana Barros, compartilha sobre os desafios e as conquistas de sua trajetória profissional, além de levantar questões fundamentais que abarcam o feminino. Confira a entrevista:
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Você atuou em empresas relevantes do mercado. Atualmente, qual o significado de ocupar o cargo de COO na Telhanorte Tumelero?
Orgulho-me por trabalhar há mais de 15 anos em diferentes empresas que pertencem a um dos maiores grupos do mundo, a Saint-Gobain. Entrei como trainee na Saint-Gobain Weber, escalei por diferentes posições e assumi diretorias de Operações e Novos Negócios na Tekbond, até me tornar a head do negócio de Distribuição de Materiais de Construção, a Telhanorte Tumelero.
Tem sido um belo desafio liderar uma das maiores redes de varejo de construção do Brasil, sobretudo em um momento em que o cenário externo é um dificultador. Ao mesmo tempo, tem sido uma jornada de grandes aprendizados.
Eu, que passei a maior parte da carreira dedicada à indústria, tenho vivido o varejo como um ser vivo. É um setor cujas decisões são rápidas e te permite pivotar iniciativas, testar, acertar, errar e reverter rapidamente. É uma dinâmica de negócios desafiadora, com muita oportunidade. Temos um grande projeto de transformação de negócio em curso, cujos resultados já se concretizam e apresentam um excelente potencial.
Quais são os desafios impostos ao gênero feminino e como superá-los?
O mercado em que estou inserida, o da construção, ainda é notoriamente masculino, mas vejo como o reflexo dos processos de transição da nossa sociedade.É natural que a mulher comece a ocupar os seus espaços e cargos. Como negócio, o meu papel é promover isso internamente. A gente sempre fala de diversidade de uma maneira muito conceitual e precisamos falar de uma maneira mais pragmática.
Temos que ter metas muito claras de onde queremos chegar, como acelerar esses processos internamente, porque ficamos esperando muito os movimentos sociais e governamentais, mas as empresas privadas devem ditar e acompanhar o ritmo, promovendo a velocidade necessária para antecipar esses movimentos de diversidade, em todas as esferas, sendo gênero apenas uma delas.
A minha presença no segmento pode ser interessante também como modelo de inspiração para outras mulheres. Aquelas que almejam essas posições podem ver que é possível, sim. Eu me vejo com esses dois papéis. De inspirar, mas, de forma mais ativa, de ser uma promotora da diversidade internamente.
O que você entende por liderança de valor?
Entendo a liderança de valor como um conjunto de princípios. A criação de uma cultura organizacional positiva e ética e que prioriza integridade, transparência e responsabilidade social. Que valorize relacionamento entre pessoas e trabalho em equipe, que cumpra com os compromissos firmados e que inspire.
Queria aprofundar especialmente sobre um ponto. De forma geral, vejo que o líder deveria equilibrar melhor entre o tempo dedicado a processos e projetos e às pessoas.
Quantos feedbacks que se dão ao longo do tempo e quantas reuniões de projetos você faz ao longo de uma semana? Os líderes precisam ter uma agenda mais disciplinada e um compromisso genuíno com o crescimento, com o desenvolvimento das pessoas. Claro que com uma agenda conjunta com líderes e RH, em um programa que sustente formalmente essa cultura e os ganhos de resultados advindos dela.
Além da responsabilidade e criatividade, quais são as características primordiais para alcançar resultados?
Alcançar resultados sempre requer uma combinação de diversas características e habilidades. Vou mencionar alguns que considero primordiais, além das já mencionadas responsabilidade e criatividade.
Resiliência é uma delas. A capacidade de se recuperar de contratempos e manter o foco nas metas, apesar dos obstáculos, é crucial para alcançar resultados. Iniciativa e disciplina, bem como adaptabilidade e agilidade, são fundamentais para estar em constante avanço. Estar aberto à mudança, ajustar estratégias quando necessário, antecipar-se e abraçar novas ideias contribuem para resultados bem-sucedidos, sobretudo em ambientes super dinâmicos e mais incertos, como o varejo.
Por fim, que dicas você dá às mulheres que desejam alcançar o cargo C-LEVEL?
Primeiramente, ter paciência e constância na construção dos resultados. Qualquer nível que se almeja deve ser consequência de um trabalho bem executado e reconhecido. Adaptar-se à dinâmica de um mercado ainda muito masculino é um desafio. Dessa forma, sem dúvidas, ser uma empresa com cultura de diversidade bem estabelecida propicia um desenvolvimento de carreira equalitário, com iguais réguas e critérios. E, finalmente, estar sempre preparado para dar o próximo passo, mantendo-se informado, atualizado e formalmente capacitado, mostrando-se disponível e adaptável e, sobretudo, atentando-se a uma clara comunicação sobre seus objetivos.